
Você já sentiu um frio na barriga diante da possibilidade de amar alguém? Ou se viu se afastando de alguém que poderia te fazer bem sem entender o motivo?
Segundo a psicanálise, esses comportamentos não são fruto apenas de experiências recentes, mas de marcas profundas que vêm da infância. Muitas vezes, o medo de se relacionar é o medo de sentir, de reviver dores antigas, de encarar o desamparo original que todos carregamos.
Desde que nascemos, somos seres dependentes. Precisamos do outro, do olhar da mãe, do toque do pai, da voz que acalma para existir e nos sentirmos seguros.
Quando essa presença falha, ou quando aprendemos que o amor pode machucar, criamos defesas inconscientes. Uma delas é evitar se vincular. Assim, ao evitar o amor, evitamos também a possibilidade de sofrer novamente.
Muitas pessoas dizem que têm “dedo podre” ou que “ninguém presta”. Mas, em muitos casos, há uma idealização inconsciente do parceiro e da relação que é impossível de ser sustentada.
O outro, quando não corresponde a essas fantasias, frustra. E a frustração ativa feridas narcísicas: “Será que eu não sou suficiente? Será que estou sendo rejeitado de novo?” O medo da rejeição nos afasta do risco e da chance real de conexão.
O controle como defesa: “Se eu não me envolver, não sofro”
Amar é perder o controle. É aceitar o imprevisível. É tolerar não saber o que o outro sente o tempo todo.
Para muitos, isso é aterrorizante. Pessoas que cresceram em ambientes imprevisíveis ou instáveis costumam desenvolver uma necessidade intensa de controle e relacionamentos verdadeiros exigem o contrário: entrega, confiança, espontaneidade.
O que a psicanálise pode fazer por você?
A psicanálise não aponta culpados. Ela escuta, acolhe, e ajuda o sujeito a se reconectar com sua própria história emocional. Ao compreender as causas inconscientes de seus bloqueios afetivos, você pode começar a transformar sua forma de se relacionar consigo mesmo e com o outro.
Na análise, você descobre que o medo tem uma razão de ser, mas que ele não precisa mais comandar sua vida.
É possível amar sem se anular
Relacionar-se é uma experiência arriscada, sim. Mas é também profundamente transformadora.
Com o tempo, e com ajuda profissional, é possível sair da lógica da fuga e entrar num caminho de amor mais real, mais possível com limites, com acolhimento e, principalmente, com liberdade.