Sua mente não desliga à noite? Descubra o que está realmente acontecendo



Há noites em que o corpo implora por descanso, mas a mente não colabora. Você sabe que o dia seguinte será pesado. Só precisava de algumas horas de sono. Nada muito além do básico. Mas a ansiedade não permite. O pensamento corre, insiste, não se cansa. E lá está você, deitado, de olhos fechados, mas com a cabeça funcionando como se ainda estivesse no meio do expediente.

Essa é uma das manifestações mais dolorosas da ansiedade. Não é só insônia. É um tipo de prisão interna, em que o sujeito se sente exausto, mas não consegue desligar.

Do ponto de vista psicanalítico, o sono interrompido ou evitado pode ser entendido como uma tentativa do inconsciente de manter algo sob controle. Dormir é uma entrega. E quem está ansioso sente que não pode se entregar. Há uma vigilância constante, como se algo terrível fosse acontecer se o controle fosse perdido por alguns minutos.

A mente que não para geralmente está tentando manter algo fora do campo da consciência. Pensamentos reprimidos, sentimentos não elaborados, medos antigos, inseguranças atuais. Tudo isso pode formar o pano de fundo de um quadro de ansiedade que se intensifica à noite, quando o silêncio deixa o inconsciente falar mais alto.

A consequência é um cansaço que se acumula. O sujeito se levanta da cama e segue se arrastando. E esse movimento vai se repetindo, dia após dia, como um ciclo difícil de romper.

Mas há caminhos possíveis de cuidado.

1. Nomear o que sente
Antes de buscar “soluções”, é preciso reconhecer o que está sentindo. Ansiedade não é frescura. É um sintoma legítimo de algo que precisa ser ouvido. Tente escrever ou dizer em voz alta o que está passando pela sua cabeça. A nomeação é o primeiro passo para a elaboração psíquica.

2. Evitar o ciclo de cobrança
Quem está ansioso tende a se culpar por não conseguir dormir. Isso só piora. A insônia vira mais um motivo de ansiedade. Acolher esse momento sem julgamento pode ajudar. Em vez de se forçar a dormir, aceite que aquela noite está difícil e procure um ambiente mais tranquilo para estar. Acolher é diferente de se render.

3. Criar rituais de desaceleração
Tomar um chá, evitar telas, escrever pensamentos num papel antes de deitar. Isso ajuda a mente a entender que o momento é de repouso. O corpo precisa de sinais consistentes para se regular. Criar um ambiente mais escuro, silencioso e calmo favorece esse processo.

4. Buscar escuta qualificada
A ansiedade, quando se repete com frequência, não pode ser ignorada. A psicoterapia ou a psicanálise oferecem espaços seguros para compreender as raízes do que você está vivendo. Muitas vezes, o que parece insônia é, na verdade, um conflito não resolvido pedindo passagem.

5. Permitir-se sentir
Ansiedade também é tentativa de controle. E toda tentativa de controle nasce do medo. Medo de falhar, de não dar conta, de decepcionar. Quando você começa a se permitir sentir esses medos sem precisar expulsá-los, o corpo começa a responder de forma diferente. E o sono, com o tempo, volta a ser possível.

Dormir bem é mais do que um privilégio. É uma necessidade psíquica e física. Quando o sono é constantemente invadido pela ansiedade, é sinal de que algo em sua história precisa de escuta, não de correção imediata.

A mente que não desliga à noite está pedindo algo. Não é silêncio. É acolhimento.

Se você tem se sentido cansado antes mesmo de o dia começar, talvez o problema não seja o corpo, mas a alma pedindo escuta.

Aqui no blog O Divã Aberto, você encontra textos que acolhem seus desamparos e te ajudam a compreender o que há por trás da ansiedade, da insônia e de tantos outros silêncios que o corpo tenta traduzir.

Compartilhe este artigo com alguém que também tem lutado para dormir. Às vezes, uma palavra pode ser o começo do descanso.

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